ANÁLISE DE ÓLEO

Na análise de óleo, os limites definidos por normas e fabricantes precisam ser respeitados: se algum parâmetro passa do limite, isso já é um alerta e pode até exigir ação imediata. Mas, para entender o quão grave é a situação, não dá pra olhar só um número isolado – é essencial acompanhar a tendência e o histórico da máquina, entendendo há quanto tempo esse valor vem subindo ou se mantendo alto.

Classificação de contaminação

Na análise de contaminação por partículas, o resultado da contagem é normalmente apresentado como o número de partículas por mililitro de amostra de óleo. Dependendo do laboratório ou do equipamento utilizado, esses dados podem ser expressos em diferentes sistemas de classificação, como o Código de Limpeza ISO 4406 ou como o padrão NAS 1638. Embora usem escalas diferentes, todos esses sistemas têm o mesmo objetivo: quantificar o nível de contaminação sólida do óleo e facilitar a comparação com limites de alarme e recomendações de fabricantes.

ISO 4406: Método para codificação do nível de contaminação por partículas sólidas

O nível de contaminação sólido em sistemas de lubrificação é normalmente classificado segundo a norma ISO 4406. Nessa norma, o resultado da contagem de partículas por mililitro de óleo é convertido em um código de limpeza por meio de um número de escala ISO, conforme mostrado na tabela. Cada número de escala corresponde a uma faixa de quantidade de partículas, isto é, um intervalo entre um valor mínimo (“acima de”) e um valor máximo (“incluindo”) de partículas por mililitro de óleo.

A contagem automática de partículas é feita em três faixas de tamanho, tipicamente ≥ 4 µm(c), ≥ 6 µm(c) e ≥ 14 µm(c). O código ISO 4406 é então expresso por três números de escala (por exemplo, 18/16/13), um para cada faixa de tamanho. Na prática, utilizam-se com mais frequência apenas as duas maiores faixas de tamanho, porque as partículas mais grossas têm efeito mais crítico sobre a fadiga e vida útil de rolamentos e superfícies de contato.

A notação (c) refere-se ao uso de calibração com esferas de vidro conforme a ISO 11171, mais precisa e padronizada que os métodos anteriores.

AO_ISO_4406_251207

Por exemplo, um código ISO 18/16/13 significa que o fluido contém:
entre 1.300 e 2.500 partículas/mL ≥ 4 µm(c)
entre 320 e 640 partículas/mL ≥ 6 µm(c)
entre 40 e 80 partículas/mL ≥ 14 µm(c)

Muitos fabricantes de equipamentos hidráulicos e rolamentos definem um nível mínimo de limpeza do óleo para garantir a vida útil dos componentes. Trabalhar com fluido mais contaminado que o recomendado reduz significativamente essa vida. Por isso, é importante consultar sempre as orientações do fabricante sobre o nível máximo de contaminação permitido, normalmente baseado na ISO 4406. A tabela abaixo apresenta exemplos de componentes e seus respectivos níveis de limpeza recomendados.

AO_Níveis aceitáveis de contaminação sugeridos_251206

Um outro método para verificar o nível de contaminação do óleo do rolamento é a contagem microscópica de partículas. Nesse método, utilizam-se duas faixas de tamanho: ≥ 5 µm e ≥ 15 µm. Essas faixas são aproximadamente equivalentes às faixas de ≥ 6 µm(c) e ≥ 14 µm(c) da ISO 4406. Portanto, quando o código de contaminação for apresentado com apenas dois números de faixa (por exemplo, ISO 16/13), considere que ele se refere a esses dois tamanhos de partículas.

A classificação de filtro β está sempre associada a um único tamanho de partícula, em mícron, indicado no índice como β3(c), β6(c), β12(c), etc. Por exemplo, a classificação completa β6(c) = 75 significa que, para partículas de 6 μm ou maiores, o filtro deixa passar apenas 1 em cada 75 partículas que chegam até ele (as outras 74 são retidas).

NAS 1638: Sistema de classificação de contaminação

A NAS 1638 é um sistema de classificação de limpeza de fluidos baseado em contagem diferencial de partículas sólidas por faixa de tamanho (tipicamente 5–15, 15–25, 25–50, 50–100 e >100 µm) em 100 mL de fluido, que atribui uma classe única (00 a 12) correspondente à faixa mais contaminada entre as medidas. As classes são definidas em escala logarítmica, onde cada incremento representa aproximadamente a duplicação da concentração de partículas em relação à classe anterior.

AO_NAS 1638 _07_dez_25

Quando você precisar apenas de uma equivalência aproximada entre NAS 1638 e ISO 4406 para leitura e comparação de limites, pode usar como “regra” a relação “Código ISO ≈ NAS + 8”, tomando como base a faixa de 5–15 µm da NAS.
Na prática, isso significa assumir, por exemplo, que NAS 5 ≈ ISO 13, NAS 6 ≈ ISO 14, NAS 7 ≈ ISO 15, considerando o limite superior de partículas dessa faixa convertido para partículas/mL.
Essa correlação é útil para ter uma ideia rápida do “nível de limpeza ISO” associado a uma classe NAS, mas é fundamental deixar claro em qualquer procedimento ou relatório que se trata apenas de uma aproximação, válida para comparação de severidade, e não de uma conversão oficial entre as normas NAS 1638 e ISO 4406.

Classificação de viscosidade ISO

A ISO 3448 define os graus de viscosidade com base na viscosidade cinemática em mm²/s a 40 °C, que também é a temperatura de referência adotada no Brasil para especificação de óleos industriais. A norma também traz, em uma parte específica e em um anexo, tabelas orientativas com as viscosidades cinemáticas desses mesmos lubrificantes em outras temperaturas de uso comum em alguns países, calculadas para diferentes valores de índice de viscosidade.

AO_ISO 3448 _07_dez_25